Acredito que não haja discussão: Seu Madruga é o mais popular dos personagens de "Chaves". A gente vê camisetas, bonés, adesivos, tatuagens... Dezenas de maneiras de expressar a admiração ao Grande Mestre Seu Madruga.
Com isso dá pra entender que essas linhas não são para discutir ou derrubar por terra toda glória de Dón Ramón, e sim para tentar entender porque ele é tão querido, tão amado.
É esquisito entender porque um sujeito que bate nas crianças, chuta as coisas, pisoteia seu próprio chapéu e é totalmente inadimplente quanto ao seu aluguel pode ser o ícone dessa nova onda pró-Chaves. O Pai da Chiquinha é indiscutivelmente o grande campeão de comunidades no Orkut acerca de sua pessoa, dentre todos os personagens de Chaves e Chapolin, e sua popularidade é quase a de um Beatle.
Exageros à parte (ou não...), vamos em frente, em busca de algumas respostas.
Talvez o carisma do Grande Mestre Seu Madruga seja porque de todos da Vila, ele seja o personagem mais completo que existe. O próprio ator, Ramón Valdéz, consegue, com muito talento, expor toda variedade de sentimentos e reações exigidas por esse rico personagem. Certas vezes ele banca o durão, o malvado. Em outros momentos ele faz as vezes de bonzinho, compreensivo. Muitas vezes prefere apanhar a entregar o pobre Chaves (outras vezes não tem tempo mesmo) e por aí vai. Seu Madruga tem uma aura em volta de si que faz com que tudo que ele faça toque os corações dos fãs de alguma maneira, sendo nervoso, calmo, engraçado, e, na dose certa ele acaba conseguindo, em algum momento, se parecer com cada um que o está assistindo, pelo menos um pouquinho. Valdéz conseguiu traçar essas linhas tênues com bastante maestria.
Suas participações dão sempre uma temperada na cena, e quando acontece um diálogo muito longo entre ele e qualquer outro personagem, podemos nos deliciar com grandes momentos, piadas bem sacadas e sempre pode se esperar um bom episódio.
Assista o episódio do Aniversário do Seu Madruga. Sim, sim, eu sei que você já viu. Eu também, milhares de vezes. Mas veja de novo. É exatamente naquele episódio que sua estrela brilha fantasticamente. A atuação de Ramón Valdéz é recheada de um drama caricaturado, do jeito que só Don Ramón poderia fazer. Quem nunca viu ou não lembra desse episódio, imagine Seu Madruga preocupado com sua morte, que se aproxima rapidamente. Tendo o Chaves (em uma grandiosa atuação de Bolaños, devo dizer) como seu último companheiro, aquele que vai contando as novidades acerca do fim de sua existência, como o mensageiro da morte. Seu Madruga vai se desesperando a um ponto em que só lhe resta filosofar em vão e suspirar, à espera da escuridão eterna.
Seus momentos a sós com a câmera são os mais deliciosos, tanto que ao final da cena em que ele entra em casa, olha-se no espelho e a imagem mórbida de uma caveira se sobrepõe à do seu rosto podemos ouvir uma calorosa salva de palmas. Palmas mais do que merecidas.
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